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Pix atrai 3,5 milhões de cadastros, mas falhas preocupam bancos

Mais de 3,5 milhões de inscrições foram realizadas no Pix ontem, primeiro dia de cadastro das chaves de identificação dos usuários no meio de pagamentos instantâneos. A adesão foi considerada “um sucesso” pelo Banco Central (BC), apesar da instabilidade apresentada nos sistemas.

Falhas técnicas chegaram a afetar o funcionamento do aplicativo dos bancos, gerando reclamação dos clientes. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander foram alguns dos que tiveram problemas. O C6 Bank tirou do ar por 20 minutos o serviço de cadastro “para publicar uma melhoria”. Clientes do Nubank também relataram dificuldades para usar o aplicativo, mas, de acordo com o banco não teve relação com o registro. Segundo fonte envolvida no processo, o Pix apresentou instabilidade a partir de 9h30. As instituições acionaram o BC, que atuou para contornar a situação e, duas horas mais tarde, o sistema começou a se normalizar.

Para esse interlocutor, falhas desse tipo são normais num projeto de tecnologia dessa envergadura, e não parecem ser indicativas de problemas mais sérios.

Porém, o Valor apurou que em pelo menos duas grandes instituições financeiras a instabilidade foi recebida com preocupação e como um sinal ruim para a estreia do Pix em 16 de novembro – embora o cadastramento tenha começado ontem, o novo meio de pagamentos entra em funcionamento nessa data.

Os bancos vinham pedindo ao BC que a entrada dos clientes no Pix se desse por fases, tal como foi feito no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), lançado no início dos anos 2000. No entanto, o regulador manteve a decisão de colocar todos os usuários para dentro do Pix de uma só vez. Algumas funcionalidades é que serão acrescentadas nos meses seguintes.

De acordo com uma fonte, as falhas aparentemente foram técnicas e não têm relação com um excesso de usuários querendo se registrar no serviço. Havia um limite de 40 operações por segundo para os bancos cadastrarem clientes no Pix.

Durante todo o dia, os bancos procuraram divulgar o serviço e atrair clientes para cadastrar as chaves. O Original, por exemplo, anunciou que não vai cobrar empreendedores por transações no Pix, atendendo um dos públicos principais da instituição, afirmou Raul Moreira, diretor-executivo de tecnologia, produtos, operações e open banking. De acordo com ele, o banco recebeu 100 mil cadastros ontem, o que classificou como positivo. “Foi surpreendente o engajamento da população”, disse.

O Nubank por sua vez, informou que estuda acabar com o rotativo dos cartões de crédito. Um grupo de 150 mil clientes está testando o modelo, que prevê a possibilidade de parcelar as faturas em até 12 meses ou tomar crédito pessoal. A cofundadora do banco, Cristina Junqueira, afirmou que fazer o anúncio no dia do início do cadastramento no Pix foi proposital. “O Pix representa o começo do fim das tarifas no setor financeiro. Consideramos uma vitória para a bandeira que sempre defendemos, de gratuidade e inclusão financeira. Agora, vamos nos dedicar a forçar outra tendência no mercado: a redução dos juros”, disse em nota.

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que ainda não havia tomado conhecimento sobre o Pix. Questionado por apoiadores, Bolsonaro num primeiro momento não entendeu a referência. Depois, disse que vai conversar nesta semana com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Fonte:
https://www.sinfacsp.com.br/noticia/pix-atrai-35-milhoes-de-cadastros-mas-falhas-preocupam-bancos-valor-economico